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Servulo Dias

Sérvulo Dias é economista pela FEA/USP, administrador de empresas e especialista em Marketing de Serviços pela FIA. Ocupou posições executivas na área Comercial e de Desenvolvimento de Novos Negócios em empresas nacionais e multinacionais de grande porte. Atuou em projetos de inovação e redefinição de modelos de negócio na indústria química, embalagens, papel & celulose e fotografia/varejo. Atualmente ocupa a posição de Diretor Comercial América Latina na MGITECH Group.

Em Janeiro/2016 publicamos no nosso blog um artigo sobre tendências para mobilidade corporativa em 2016. Ainda com pouco contato com o segmento, achei as informações muito interessantes mas senti falta de algo quantitativo, algo que me desse uma noção mais tangível da magnitude, do impacto e da abrangência destas tendências. Por meio de uma busca rápida e despretensiosa, encontrei alguns números “assustadores” que compartilho abaixo com vocês:

  • Em 2015, houve um crescimento superior a 700% versus 2014 na quantidade de aplicativos corporativos construídos. Sinceramente desconheço qualquer outro mercado ou segmento de mercado em curva de crescimento tão acentuada. Crescer quase 4 dígitos numa economia global que cresceu próximo a 3% no mesmo ano é algo muito desproporcional.
  • Em 2015, o número de trabalhadores que utilizam algum tipo de dispositivo móvel no trabalho superou a cifra de 1,3 bilhão. Considerando que a população mundial atual ultrapassa levemente 7 bilhões de pessoas, percebe-se a abrangência dos dispositivos móveis em nossa sociedade e no nosso ambiente de trabalho.
  • O incremento na produtividade do trabalho impulsionado pela mobilidade chega a 240 horas/trabalhador/ano. Em outras palavras, no caso do Brasil, significa 1,5 mês adicional de produção, por trabalhador, por ano. Qual iniciativa ou programa de capacitação para melhoria de produtividade gera resultados tão expressivos?
  • A venda de dispositivos móveis em 2017 deve alcançar 3 bilhões de unidades e vem crescendo num ritmo ponderado (CAGR) de 70% ao ano ao longo dos últimos 5 anos. Esse nível de escalabilidade certamente impulsionará todos os segmentos da economia e transformará a maneira como definimos o trabalho e as inter-relações entre trabalhadores e empresas e entre empresas e clientes/consumidores, além de constituir uma base instalada gigante para o crescimento ainda mais acelerado da oferta de aplicativos e soluções complementares.
  • As empresas estão aderindo à mobilidade de forma vertiginosa e, em 2015, 35% das empresas de grande porte já criam e distribuem internamente seus próprios aplicativos de mobilidade. Entendo que as necessidades e demandas de um grupo de empresas crie oportunidades para outro conjunto de empresas e o efeito combinado dessas forças é uma adesão em massa, num processo acelerado e, até que se crie uma nova tendência transformadora, infinito.
  • Em 2017, estima-se que 100% das aplicações para consumidores finais e 75% das aplicações para uso no trabalho serão desenvolvidas “mobile-first”, ou seja, não-necessariamente serão desdobramentos de aplicações desenvolvidas para desktops e posteriormente adaptadas para o ambiente “mobile”. Isso representa uma mudança profunda de conceitos e marca uma nova era onde o foco do desenvolvimento priorizará quase que absolutamente as aplicações de mobilidade, hardware e software, e que trará impactos profundos nas cadeias produtivas (mais capital humano e menos capital industrial), no perfil dos investimentos (visando prazos de “pay-back” mais curtos em função da obsolescência acelerada), nas relações com clientes/consumidores (mais agilidade) e nas escolhas dos consumidores (maior relevância no “uso” do que na “posse”).
  • Até 2018, os investimentos das empresas em aplicativos de mobilidade corporativa deve alcançar 61 bilhões de dólares e os especialistas da área de TI acreditam que a mobilidade impactará o mundo dos negócios numa magnitude ainda mais relevante do que a internet impactou nos anos 90. Por definição, uma inovação disruptiva é uma tecnologia cuja aplicação afeta de modo significativo o funcionamento dos mercados. A mobilidade, em sentido amplo, certamente vai além disso, pois afeta não somente os mercados, mas também a maneira como interagimos com eles, nossa produtividade, nosso mapa de preferências e nossas escolhas.

As cifras acima só corroboram a importância crescente das aplicações de mobilidade em todas as indústrias e em todos os lugares. Acima de tudo, com a expansão exponencial da base de dispositivos utilizados por empresas e consumidores, a mobilidade representa oportunidades infinitas para melhorias de fluxos de trabalho, ganhos de produtividade e diferenciação contra concorrentes. No entanto, ainda acredito que, mesmo sendo “assustadores” num primeiro contato, os números acima são conservadores e as projeções futuras serão atingidas muito antes do que o previsto. A história das últimas duas décadas mostra que as curvas de adesão de novas tecnologias acabam sendo muito mais inclinadas do que nossa capacidade de previsão. Ao longo do processo, criam-se benefícios e incentivos não pensados a priori e descobrem-se ganhos e possibilidades até então não-imaginadas. Problemas antigos são resolvidos. Necessidades latentes são satisfeitas e novamente geradas num ciclo contínuo e que se retroalimenta de maneira evolutiva, criando-se assim o momentum para a nova inovação disruptiva.

 

Sérvulo Dias é economista pela FEA/USP, administrador de empresas e especialista em Marketing de Serviços pela FIA. Ocupou posições executivas na área Comercial e de Desenvolvimento de Novos Negócios em empresas nacionais e multinacionais de grande porte. Atuou em projetos de inovação e redefinição de modelos de negócio na indústria química, embalagens, papel & celulose e fotografia/varejo. Atualmente ocupa a posição de Diretor Comercial América Latina na MGITECH Group.

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